sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Os problemas causados pelo mau uso da internet


Fábio Reynol
O bom senso no uso da internet é a principal maneira de se evitar problemas
Uma imagem pornográfica chegou à caixa de entrada de um funcionário de uma multinacional. Ele resolveu partilhar o e-mail com os demais colegas e o reencaminhou. Os que receberam continuaram a corrente espalhando a foto para ainda mais gente. Até que um erro de endereço fez a imagem chegar num computador de uma das unidades da empresa no exterior. O destinatário acidental relatou o recebimento ao departamento competente. A matriz emitiu uma ordem para que a filial brasileira tomasse as devidas providências. Resultado: 30 trabalhadores que participaram da corrente foram demitidos.
O caso acima ganhou destaque na imprensa brasileira da época porque foi um divisor de águas na influência da internet nas relações trabalhistas. Era maio de 2002 e a multinacional, a montadora General Motors. Depois desse episódio, pipocaram vários casos semelhantes em outras empresas. Antes disso, a maioria dos patrões deixava o uso da internet somente ao sabor da consciência de cada funcionário. Do outro lado, grande parte dos trabalhadores não imaginava que o uso inapropriado da rede mundial pudesse levar a uma punição tão severa como a demissão.
E hoje? Como usar a internet do trabalho sem causar problemas éticos, técnicos e de produtividade? A vantagem é que agora muitas companhias já deixam claro, na hora da contratação, o que o funcionário pode e não pode fazer nos computadores da empresa. “Antes de começar a trabalhar aqui, todo empregado assina um termo de compromisso e fica ciente da política da empresa para o uso da rede,” explica Armando Palermo, gerente de infra-estrutura de informática da 3M do Brasil.
Os problemas vindos do mau uso da internet não estão restritos ao campo da moral, como no caso de e-mails pornográficos. Ao utilizar a rede para assuntos extraprofissionais o trabalhador está ocupando uma faixa da banda de acesso da empresa e tirando espaço de quem a está usando para trabalho. Além disso, as horas gastas nos passeios virtuais são contabilizadas como prejuízos pelas corporações. Tomando o salário médio praticado na 3M, Palermo estimou que cinco horas semanais despendidas por cada trabalhador em assuntos irrelevantes equivale a R$ 680 mil perdidos por mês nas unidades da empresa no Brasil.
A contaminação por vírus ou programas espiões (spywares, que se infiltram para roubar senhas) é outra dor de cabeça vinda da imprudência com e-mails. O coordenador de pós-produção da TeleImage, Fabian Gamarra, já sofreu na pele esse drama. “Desconfiamos que um spyware se instalou numa máquina de apoio”, conta. O maior receio de Gamarra é a perda de suas ferramentas de trabalho: computadores e programas caros utilizados para a edição de filmes.
Mesmo com todos esses problemas, o profissional não abre mão das facilidades que a internet trouxe ao seu trabalho. “Costumo trabalhar on-line, o que agiliza muito as decisões e o contato com os clientes”, admite Gamarra. De fato, as webconferências e os programas de comunicação que existem graças à rede mundial economizaram um bom dinheiro em viagens e em ligações telefônicas para as empresas. A internet mostra-se, assim, uma útil e poderosa ferramenta de trabalho e utilizá-la produtivamente vai além da aplicação dos filtros, dos antivírus e da criação de normas de utilização da rede.
Para isso é necessário ainda o bom senso do funcionário. “Não vemos problemas em pagar contas pessoais pela internet, por exemplo”, explica Palermo, “o que não pode ocorrer é o abuso”. Entre várias dicas, o gerente aconselha os funcionários a manter contas de e-mail separadas: uma profissional e outra para assuntos pessoais. Quanto à navegação, Palermo apela ao bom senso do trabalhador para evitar transtornos. Na dúvida, acesse sites de interesse pessoal em casa.

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