segunda-feira, 26 de março de 2007

Click

A idéia é boa. Quem não gostaria de ter um controle remoto com que se pudesse controlar a vida ao seu redor? Imagine só poder adiantar aquela discussão de relacionamento até o ponto em que tudo está resolvido. Ou abaixar o volume do cara do carro ao lado que está empolgado ouvindo e cantando a plenos pulmões uma música nada a ver. E mais, pense como seria cool poder rever os melhores momentos da sua vida como num DVD e ainda por cima com comentários de James Earl Jones (!!).
Mas para se fazer um bom filme é necessário muito mais do que uma boa idéia. É preciso costurar uma série de situações que valorizem a tal idéia a ponto dela se tornar inesquecível. No caso de Click (2006), toda a introdução funciona bem e num bom ritmo. Primeiro vem a construção do personagem Michael Newman (Adam Sandler) como um arquiteto workaholic preocupado em mostrar serviço para o chefe (David Hasselhoff).
Mas, de repente, o controle remoto passa a tomar decisões por conta própria e acaba mudando todo o clima do filme, que vai da comédia para um drama de reflexão. Ou seja, toda a originalidade inicial dá lugar a uma daquelas histórias em que o personagem principal olha pra trás e vê que os erros cometidos em vida superam os acertos. Mas daí é tarde, pois o tal aparelho oferece apenas uma visão do passado, sem a opção de volta no tempo.
Quem está acostumado com o Adam Sandler de comédias com cunho dramático como O rei da água (1998) e O paizão (1999) volta a ver o ator em cena naquilo que o tornou conhecido por Hollywood. Já quem curtiu sua performance em Embriagado de amor (2002) verá a diferença que um bom diretor pode fazer na tela. E se este for o seu caso, não se preocupe. Hoje em dia os filmes demoram cada vez menos tempo para fazer a passagem do cinema para o DVD, e com o disco de vídeo digital em sua casa você vai poder usar toda a sua experiência e adiantar as partes mais bobinhas da fita sem dó com o seu controle remoto.

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